Em São João do Estoril, na praia do Forte da Cadaveira, junto de uns rochedos, dava-se a emergência de águas termais que formavam poças onde os doentes se banhavam. Em 1835 estes banhos eram rudimentarmente explorados por Matias José de Oliveira Leite, mas em 1842 a Misericórdia de Cascais solicitou ao governo “a cedência da posse das águas da Poça, sitas junto do forte de São Pedro da Cadaveira”, o que foi concedido por alvará régio de 18 de Fevereiro de 1843.
O estabelecimento termal era então constituído por “dois barracões em madeira de carácter provisório, destinando-se um à espera e outro aos banhos propriamente ditos. Todos os anos se armavam estas estruturas, procedendo-se, ainda, ao desentulho, limpeza e reencaminhamento da água da nascente [...] o barracão que cobria os banhos […] dispondo de divisões em madeira que formavam quatro quartos, cada qual com o seu tanque de pedra talhado na rocha…”
Em 1860 o Ministério da Guerra concedeu à Misericórdia o Forte de S. Pedro, acima dos banhos, sendo então utilizados para alojamento dos aquistas. Dois anos depois, foi construído um novo balneário, também em madeira mas agora já de carácter definitivo, com oito tanques de banho, sala de espera e novos depósitos de água, servindo o antigo balneário para banhos a indigentes. A este balneário se refere a inscrição ainda existente na nascente da praia.
A Nascente da Poça, assim como as do Estoril (termas) e do Convento de Santo António no Estoril, fazem parte dos “Renseignements sur les Eaux Minerales Portugaises”, elaborados por Agostinho Lourenço para a Exposição Universal de Paris de 1867.
A partir de 1890 a Misericórdia de Cascais inicia um processo para arrendamento dos banhos, que se vem a concretizar em 1894. Depois de um concurso público, foi celebrado contrato com uma Sociedade formada pelo Dr. Carlos Tavares e o Tenente-Coronel Jacinto Parreira. As cláusulas do contrato obrigavam, entre outras coisas, os arrendatários a construir um novo edifício “ com todas a condições da moderna ciência balnear”.
Este novo edifício contava com 28 cabines de banho dispostos em torno de uma sala de 200m2, onde se encontrava o bilhar, piano e zona de leitura, nas quatro torres encontravam-se os depósitos de água mineral e de água do mar. Sobre estas instalações escrevia-se no Correio de Cascais de 1889: “… são uma glória para a indústria nacional, pois são genuinamente portugueses todos os aparelhos que ali se encontram, desde as engenhosas torneiras, invenção do honrado industrial o Sr. Capucho, até aos duches, pulverizações e irrigações, que pelo mesmo industrial e pelo Sr. Júlio Ferreira foram construídos.”
Em 1918 o estabelecimento serviu de hospital provisório às vítimas da pneumónica e em 27 de Novembro de 1922 o ministério da guerra arrogando o direito de propriedade dos terrenos anexos ao forte de São Pedro e ao local onde se encontrava o edifício dos banhos - o que foi contestado pelo arrendatário de então, Luís Filipe da Mata - enviou uma força militar “arrombando portas e ocupando militarmente todos os espaço que estavam consignados no arrendamento”, useram um fim definitivo ao estabelecimento de banhos. O edifício é hoje um Jardim de Infância.